terça-feira, 15 de março de 2016

A maior defesa de um grande goleiro



por Antonio Carbonari Netto 

Para nós, palmeirenses, o goleiro Danrlei é um adversário marcante dentre os algozes do Alviverde, pois foi protagonista, com grandes defesas, nos memoráveis embates entre nosso time e o Grêmio Porto Alegrense, nos anos 90, em disputas pela Copa do Brasil, Libertadores da América e Campeonato Brasileiro. No entanto, para todos nós, cidadãos e torcedores de espírito olímpico e pacífico, o deputado federal Danrlei de Deus Hinterholz (PSD-RS) está defendendo uma causa muito relevante: o combate à violência no esporte.

Nesse sentido, o parlamentar apresentou à Câmara Federal projeto de lei (nº 3.083/2015) que proíbe nos jogos a entrada de indivíduos com histórico de violência e atitudes desabonadoras relacionadas ao esporte. Segundo a proposta, somente terá acesso aos estádios de futebol com capacidade superior a 15 mil pessoas (abaixo disso a medida será facultativa) quem tiver registro em Cadastro Único organizado e mantido pelo Ministério dos Esportes e for portador da Carteira Nacional de Identificação de Torcedor (CNIT). O documento será emitido pela Pasta ou, por delegação desta, pelos clubes, federações ou confederação.

A exigência aplica-se aos frequentadores de jogos em geral, sócios torcedores e membros de torcidas organizadas. A CNIT não será concedida aos que tiverem ilícitos penais dentro dos estádios de futebol ou relacionados a evento esportivo. Dessa maneira, eles serão barrados nas portarias e não poderão assistir às partidas.

Se convertido em lei, o projeto possibilitará que os estádios sejam mais seguros e tranquilos para aqueles torcedores — a grande maioria — que amam o futebol e têm nele uma ótima alternativa de lazer, diversão e convivência saudável com amigos e parentes. Isso faz muito sentido, pois, como diz o próprio autor da propositura, não é justo que alguns poucos, com atitudes agressivas, afastem as famílias e pessoas pacíficas dos estádios.

Como bem observa o deputado, o futebol não pode ser objeto de intimidação e medo. É um componente muito forte da cultura brasileira. Portanto, cabe ao Estado garantir o direito que todos têm à paz nos estádios, seus entornos, acessos viários e nos transportes coletivos. Isso, aliás, encaixa-se nas responsabilidades do poder público quanto às prerrogativas de ir e vir, pensar, professar ideologia e fé, inerentes ao exercício da cidadania. Pela mesma lógica democrática e dos direitos humanos, ninguém pode ser agredido, moral ou fisicamente, pelo fato de torcer por um time ou vestir sua camisa.

Infelizmente, há gangues e indivíduos violentos infiltrados em torcidas uniformizadas, que agendam brigas, pela internet, em estações de trens, metrô e terminais de ônibus. Promovem confrontos, inclusive com armas brancas, barras de ferro e pedaços de pau, quando não com revólveres, cujo saldo é gravíssimo. Além de se digladiarem, esses grupos costumam atacar pessoas ordeiras, que simplesmente estavam trajando um uniforme.

Há inúmeros processos, já qualificados, contra indivíduos autuados como traficantes de drogas, por ocasião de jogos. Esse crime ajuda a alterar o comportamento das massas, inclusive com a ocorrência de homicídios. A desinteligência que tem permeado o futebol brasileiro precisa ser combatida de maneira definitiva. Daí a importância de se proibir nos jogos o acesso dos que praticam atos de agressão e promovem conflitos.

Pode-se argumentar que boa parte das brigas e desordens ligadas ao futebol ocorre longe dos estádios, nos quais a concentração do policiamento e medidas preventivas têm surtido efeito. Porém, ao serem impedidos de assistir às partidas, os infratores serão desestimulados à violência. A restrição certamente servirá de exemplo a todos. Por isso, o projeto de lei de Danrlei institui medida eficiente e exemplar. Pune os infratores e prestigia quem aprecia de verdade o futebol.

Conforme a proposta, as portarias e outros locais de acesso aos estádios deverão ser equipados com catracas ou instrumentos capazes de reconhecer nominalmente o torcedor. Este apresentará, além da CNIT, a sua cédula de identidade. O novo documento será confeccionado com marca de identificação dos portadores por meio de código de barras e chip eletrônico.
Torcedores e cidadãos aplaudem o projeto, com certeza a maior defesa de Danrlei. Em alusão à proposta, nós, palmeirenses, já fizemos merecida homenagem ao parlamentar na nossa moderna arena (aliás, mais bonita do que a do Grêmio...), eliminando o Internacional de Porto Alegre da Copa do Brasil 2015. E, desde já, prometemos que, quando comemorarmos juntos a aprovação da Lei, em momento algum lembraremos os gols que ele tomou de Evair, Edmundo, Zinho e outros craques de nosso esquadrão dos 90! 

Antonio Carbonari Netto
é matemático pela PUC-Campinas, mestre em Administração, Educação e Comunicação pela Universidade São Marcos, com MBA em Gestão Universitária pela Universidade São Francisco, é membro da Academia Brasileira de Ciências da Administração e vice-presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior do Estado de São Paulo

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