Por Luiz Augusto Pereira de Almeida
O avanço tecnológico suscita
correspondentes mudanças de hábitos, transformações na cultura, serviços,
compras e no modo de interação da sociedade. Não é saudável resistir às
transformações, pois isso significa estar em descompasso com o próprio tempo.
Ao fenômeno no qual novos produtos ou processos extinguem sistemas, empresas e
itens obsoletos, o economista austríaco Joseph Schumpter chamou de destruição
criativa, em seu livro Capitalismo,
Socialismo e Democracia. Exemplos não faltam: fax, máquina de
escrever, agendas eletrônicas, lista telefônica...
Dentre
as conquistas tecnológicas que mais impactaram os costumes e a cultura da humanidade,
incluem-se, com certeza, a internet e todas as possibilidades e facilidades que
ela viabilizou para melhorar a vida das pessoas. Abrangendo a agilidade da
comunicação interpessoal, o acesso a informações em tempo real, compras,
pesquisas, contratação de serviços, locação virtual de vídeos e filmes e
controle da conta bancária, a Web transformou o mundo e a vida das pessoas.
Em
termos de mobilidade urbana, não foi diferente. Sabemos que, com dispositivos
móveis, principalmente o celular, temos uma série de aplicativos que nos ajudam
a encontrar os melhores caminhos, fugir do trânsito e verificar as mais
adequadas linhas de ônibus e trens para se chegar ao destino desejado. Esse
ganho específico da internet é particularmente importante nas grandes cidades,
onde a locomoção segue sendo um desafio instigante. Não se pode imaginar, nos
dias de hoje, alguém consultando um guia impresso de ruas.
Nessa
onda de inovação que influencia o modo de pensar e agir, surgiram os
aplicativos para se chamar táxis. São muitas as opções. No mundo todo, nas mais
modernas e importantes metrópoles, não param de surgir alternativas para o
transporte das pessoas, desde os táxis convencionais, até serviços mais
diferenciados na categoria de transporte de passageiros, como o Uber ou Meleva.
Trata-se do típico exemplo de uma inovação que veio para substituir sistemas
arcaicos. Os motoristas que gerarem maior valor para os consumidores e prestarem os melhores serviços prosperarão, ao passo que
aqueles que forem incapazes disso deverão dedicar-se a outras profissões.
Como se pode observar
no noticiário internacional, essas inovações da mobilidade urbana ainda não são
unanimidade. Países como os Estados Unidos já regulamentaram o uso da
tecnologia em vários estados. Na América Latina, o México é o único país a ter
regulamentado o Uber. Na Europa, o assunto ainda gera polêmica. No
Brasil, assistimos à enorme resistência dos taxistas e seus sindicatos à
operação de serviços diferenciados de transporte propiciados pelo mencionado
aplicativo. A atitude reacionária, lamentavelmente, não se limitou aos
protestos e à mobilização contra as novidades. Têm ocorrido cenas de violência
e agressão, incompatíveis com o país civilizado que todos almejamos.
Não só nesse caso da mobilidade urbana, que é decisiva para a
qualidade da vida nas grandes cidades, como nas relações trabalhistas em geral,
nos serviços e em todos os segmentos, não se justifica mais o caráter
reacionário de feudos
sindicais. Assim como o setor de telefonia, que, com sua abertura, experimentou
nos últimos anos avanços inimagináveis, os taxistas passam a ser um bom exemplo
de que precisam adequar-se ao novo e se modernizar. É bom para eles e melhor
para seus usuários. Presos ao passado, ficarão para trás. Somente terão um
passageiro quando alguém os procurar para ir a uma agência dos Correios para
postar uma carta, numa viagem sem volta a um tempo que já acabou!
Luiz Augusto Pereira de Almeida
é diretor da
Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da Sobloco Construtora
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