Por Lélio Braga Calhau
Há anos
os consumidores brasileiros enfrentam um sério problema. Cada dia que passa
aumenta-se o número de procedimentos negados pelos planos de saúde e cresce
também o número de recursos encaminhados à justiça. Sem entrar no mérito de
quem está com a razão ou não, a situação é constrangedora para o consumidor,
pois este paga o plano de saúde para contar com o mesmo em caso de necessidade.
Quando ele bate na porta do plano é lhe é negado um procedimento, ele fica
bastante fragilizado, pois se pediu ajuda é porque necessita de um auxílio.
Dentro do
portal Educação
Financeira para Todos Temos
alertado os consumidores sobre a necessidade reler, e de informar ao núcleo de
parentes mais próximos, os aspectos mais importantes do seu contrato com o
plano de saúde. Mas isso, não tem sido observado muito menos praticado por um
grande número de consumidores, que, em muitos casos, só procuram entender o que
está no contrato em uma situação de grande stress para toda família, quando
descobrem não terem optado por pagar a diferença de um transporte aéreo, por
exemplo.
Então,
fiquem atentos! Primeiro, é preciso ler e entender o que está no contrato desde
o momento da assinatura e revisitar os termos sempre que esquecer. Não deixe
para ler somente quando ocorrer uma emergência médica e for necessário acionar
o plano de saúde. Cópias desse contrato devem estar com os parentes mais
próximos e em locais de fácil acesso. Guardar o contrato com o plano de saúde
tão bem que ninguém o encontra numa urgência ou trancá-lo num cofre só aumenta
as dificuldades, pois numa urgência não há tempo a perder procurando um
documento tão importante. Tire cópias imediatamente e as deixe com os membros
da família. Aproveite para marcar com caneta os pontos mais importantes. Pode
parecer óbvio, mas são comuns casos de pessoas que só lembram de fazer isso
quando estão internadas numa situação precária e os membros da família perdidos
sem saber o que fazer ou a quem recorrer.
Recentemente,
a Agência Nacional de Saúde Suplementar expediu a Resolução 395, de 14 de
janeiro de 2016, que entrará em vigor 120 dias a partir de sua publicação,
dispondo sobre regras e serem observadas pelas operadoras de planos privados de
assistência à saúde nas solicitações de procedimentos e/ou serviços de
cobertura assistencial apresentados pelos beneficiários, em qualquer modalidade
de contratação. É importante a sua leitura por todos os consumidores que tenham
contratos com planos de saúde.
Por essa
resolução, são garantidos aos consumidores o atendimento adequado à sua
demanda, tratamento preferencial aos casos de urgência e emergência, o
respeito ao sigilo profissional, à privacidade e a informação adequada, clara e
precisa quanto aos serviços contratados.
O número
de protocolo deve ser apresentado ao consumidor no início do atendimento.
Havendo negativa de autorização para realização do procedimento e/ou serviço a
operadora deverá informar ao beneficiário detalhadamente, em linguagem clara e
adequada, indicando a cláusula contratual ou o dispositivo legal que a
justifique o motivo da não realização. O beneficiário, sem qualquer ônus,
poderá requerer que as informações prestadas sejam reduzidas a termo e lhe
encaminhadas por correspondência ou meio eletrônico, no prazo máximo de 24
horas. No caso das operadoras de pequeno e médio
porte, deverá considerar o horário de funcionamento de suas unidades de
atendimento.
Estes prazos,
ou a reavaliação por parte da Ouvirdoria da operadora, não impedem que o
consumidor, pleitei em juízo uma liminar. Todavia, para buscar a justiça deve
se ter o mínimo de prova do que se alega. Para tanto, priorize manter contato
com a operadora do plano de saúde por e-mail ou por escrito. Tenha cópia de
comprovantes de recebimento e procure, em sendo necessário, um advogado ou
defensor público o mais rápido possível. Quando houver descumprimento de
obrigação do plano que prejudique a coletividade, procure o Representante do
Ministério Público em sua comarca.
Por fim,
estamos sujeitos a emergências médicas e para saber lidar com as operadoras dos
planos de saúde, deve se procurar previamente entender a Resolução 395 da ANS e
ler atentamente (de tempos em tempos) o contrato que você assinou. Isso já
propiciará ganho de tempo no atendimento e a produção de uma prova melhor para
ser analisada posteriormente, se for necessário levar o caso ao Poder
Judiciário. Não espere ficar doente, defenda seus direitos como consumidor a
partir de já.
Lélio Braga Calhau
Promotor de Justiça de defesa do consumidor do
Ministério Público de Minas Gerais. Graduado em Psicologia pela UNIVALE, é
Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UFG-RJ, palestrante e Coordenador do
site e do Podcast "Educação Financeira para Todos".
Sobre a Educação Financeira para Todos:
Criado e mantido por Lélio Braga Calhau, Promotor de Justiça do
Consumidor no Ministério Público de Minas Gerais, o Portal Educação Financeira
Para Todos promove conteúdo gratuito sobre planejamento financeiro. Sua missão
é conscientizar os consumidores brasileiros através de artigos, cases, vídeos e
reflexões sobre gastos sem planejamento.
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