sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Tesouro Direto: um investimento que só o gerente do banco acha “complicado”



Por Lélio Braga Calhau 

O site Educação Financeira para Todos tem colocado em pauta e alertado seus leitores sobre a cobrança violenta de metas que os bancos impõem sobre os gerentes. Não é à toa que os funcionários dos grande bancos tentam empurrar produtos financeiros ruins para os consumidores (e ótimos para o banco). Eles são cobrados por isso. O gerente é empregado do banco e está fazendo a sua parte. No entanto, cabe a você consumidor antenado e leitor do Educação Financeira fazer a sua: agradecer e rejeitar investimentos ruins.

Se o que você deseja é investir seu dinheiro com segurança fico feliz que tenha chegado a esse texto. Cabe a você ir até a instituição financeira de sua confiança e perguntar sobre as melhores opções de investimento, àquelas que você já estudou anteriormente e que o banco nunca te oferece em primeiro lugar.  Depois disso é só analisar as opções postas na mesa de negociação (corta logo o papo da venda casada, que sabemos que é proibida) e vai ao que importa, o que é bom para você e para a sua família.

O Tesouro Direto tem dado retornos financeiros muito superiores à caderneta de poupança, que vem perdendo investidores e sofrendo com o fato de remunerar bem abaixo da inflação real (não a que o governo informa, mas a que você enfrenta no seu dia a dia). O programa Tesouro Direto foi criado para que o pequeno investidor possa ter acesso, também, aos rendimentos que anteriormente só eram alcançados pelos grandes investidores, no Brasil. Hoje, com menos de cem reais você já pode fazer aplicações no Tesouro Direto de forma segura.

Bem, não precisamos nem explicar o porque, mas a simples menção a "Tesouro Direto" na mesa do banco já causa um sentimento de desânimo no gerente. Quando o consumidor conhece essa alternativa, não será fácil, o gerente do banco, oferecer aqueles produtos péssimos para o consumidor como o título de capitalização (que não é investimento; é seguro), aquele fundo de renda fixa com "juros espetaculares" que a instituição financeira criou "especialmente" para ele, um CDB com remuneração baixíssima, etc.

Falou "Tesouro Direto", vem então a segunda tentativa (meio desesperada, é lógico) de convencer o consumidor que aquilo ali não é bom para ele: é complicado, o governo pode quebrar (se isso acontecer, o banco é afetado também), precisa saber mexer com a internet, é perigoso, você pode perder dinheiro, pode afetar sua reciprocidade com o banco (até parece, bancos gostam de falar reciprocidade quando só interessa ao lado eles), etc.

No entanto, perigoso, mesmo, é você fazer uma coisa sem estar preparado. Pilotar um avião com habilitação de carro é perigoso. Pilotar uma moto com habilitação de avião também o é. Investir no Tesouro Direto sem estudar o produto pode ser perigoso. E sentar para negociar com uma instituição financeira sem estar preparado também está no mesmo grau de risco. Tudo tem risco, mas cabe a você se preparar, atender aos critérios mínimos exigidos e administrar os riscos.

Então, como fazer para começar ter uma remuneração mais justa, hoje, com o Tesouro Direto? Vá direto ao site do governo federal (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto) e estude (pegue um caderno e vá registrando os pontos principais). Anote como funciona esse produto, a rentabilidade e como aplicar as diferenças. Comece a aplicar aos poucos com valores baixos e vá se familiarizando com o produto. Não tem mistério. Tem que botar energia e buscar aprender. Depois que passar a fase do estranhamento inicial, não haverá mais dificuldades. Você passa a achar que "nasceu sabendo". É mais fácil aplicar na poupança, mas dinheiro deixado ali no médio ou longo prazo está te deixando mais pobre (porque perde da inflação real).

Então, movimente-se e comece agora a aprender mais sobre o "Tesouro Direto". É de graça e só depende do seu esforço pessoal. Defenda seus interesses buscando retornos financeiros mais justos para você e sua família. Economizou R$ 70,00 com alguma atitude positiva, vá lá e aplique em um investimento. Aplicar pouco dinheiro de forma sustentável, sempre que você conseguir economizar com algo no médio e longo prazo, fará seu dinheiro crescer muito com os juros compostos. Fique de olho, pois o dinheiro não aceita desaforo. Quem "joga dinheiro fora!” hoje pagará caro por isso no futuro.  Invista nos seus sonhos e na sua segurança! 

Lélio Braga Calhau 
é Promotor de Justiça de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas Gerais. Graduado em Psicologia pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UFG-RJ, palestrante e Coordenador do site e do Podcast "Educação Financeira para Todos".

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